segunda-feira, 11 de junho de 2012

Excepcional calçadão

O belo, fantástico e enigmático calçadão. Toda cidade procura uma identidade, e há 40 anos o centro curitibano vem se firmando uma. “Muitas felicidades, muitos anos de vida”! Engraçado e irônico começar uma matéria assim, não é? Sim! Mas, engraçado e irônico seria não poder se engrandecer, e se orgulhar em ter um dos privilégios desejados por muitos de todo o país. Poder ser visto e apreciar tal beleza, que há 40 anos vem dando alegria e se renovando cada dia. A cidade vivia em meio à polêmica entre a intenção municipal de devolver um grande trecho da rua aos pedestres e a resistência de comerciantes, alegando que seriam prejudicados quanto às vendas. O então prefeito Jaime Lerner obteve aval da União Internacional dos Arquitetos, que reconheceu o pioneirismo brasileiro da humanização urbana. Saem os carros, que dão lugar à escala do homem a pé. A obra de 1972 marcou pela primeira vez uma posição coletiva dos curitibanos, dispostos a discutir a vida urbana, tomando parte das decisões da cidade e tomando também, mesmo que simbolicamente, posse de seu espaço de vida. A missão: construir o primeiro calçadão exclusivo para pedestres do Brasil. No dia seguinte, 20 de maio de 1972, numa manhã de outono cinzenta e úmida, o calçadão é entregue à população sem festa nem pompa. Sem grandes alarmes e festanças nasceu o primeiro calçadão a céu aberto do Brasil, também conhecido como Rua das Flores. O espaço é, com certeza, um dos que mais representa a história da capital paranaense. Mas, hoje em dia, quem frequenta a Rua XV? Cada figura, cada estilo e cada jeito que passa por aqui representa bem o povo curitibano, afinal são tantas culturas, características, etnias, religiões, entre outros fatores que se resumem em apenas uma palavra: marcante. Curitiba é uma cidade que só existe através de seus habitantes, das marcas que deixaram e que continuam imprimindo ao longo do tempo. Seus prédios, construções antigas, histórias conflituosas, parques, cidade verde, essas características e identidades é que dá o diferencial, ou todas as cidades do mundo não passariam de amontoados de edificações. Andar pela Rua XV é quase uma terapia. Seja para comprar algo, seja para procurar um lugar para comer ou simplesmente para passear. O calçadão é o lugar mais que ideal pra quem procura esse tipo de atividade. Com loja pra tudo quanto é canto, a rua oferece opções de hotéis, restaurantes, brinquedos, roupas, calçados, quinquilharias, utensílios para cozinha, confeitaria, perfumaria, eletrônicos do Paraguai, artistas de rua, enfim, um aglomerado que se espera de uma cidade como a nossa. Num clima e num ritmo agitado, ir à XV de Novembro não é para qualquer um! Para Célio Sabino Júnior, 23, gerente comercial de shopping, ir ao centro é tão impressionante e aventureiro. “Na primeira vez em que fui quase desmaiei de tanto caminhar, e para passear é bom, mas é preciso caminhar rápido, e nada que bons preços e muitas lojas não compensem”. Keila Bruna, 22, comerciante, complementa - “ir ao calçadão é como viajar pra outro país, é maravilhoso. Encontro de tudo lá, tudo que quero e às vezes o que não quero, é fantástico, surpreendente”, finaliza. Há 40 anos o calçadão curitibano vem fazendo história. É também importante eixo comercial, chega a ser considerada um grande shopping a céu aberto e o ponto de encontro da cidade. Muitos escolhem a rua XV para passear e ter um momento de lazer. Quem nunca ouviu falar na famosa “Boca Maldita”? O local reúne vários grupos, especialmente de homens mais velhos e já aposentados. “Nada vejo, nada ouço, nada falo”! O local tem esse nome, pois é um tradicional espaço de encontro para discussão dos mais variados assunto. Toda cidade procura uma identidade. A de Curitiba está no calçadão, o coração da cidade. Ela não é feita somente de belas projeções arquitetônicas, paisagismos, mas sim de pessoas do bem, pessoas humildes, que, com enorme satisfação e orgulho tem o prazer de dizer: é tudo nosso!

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